terça-feira, dezembro 26, 2006

Devagar

.
.
.


Devagar
te entregas aos meus passos
te recolhes no meu peito
abraçados atravessámos séculos,
pedra a pedra a casa que me deste.
Respiras
na vastidão que te habita agora

o ar grande
o mistério do mar. Mil anos.
Nas noites sem lua
devagar pronuncias o meu nome.


#10. Michael Biberstein, fragmento de pintura.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Permaneces

.
.
.



Permaneces
silêncio antiquíssimo
dentro de cada palavra,
se existe infinito
que venha de manhã
à janela que se inclina para o frio
à neblina que vagueia sobre a terra
às folhas mudas dos teus olhos.
Não faças nada
fica assim
dormindo o sono manso.


#9. Peter Fink, fragmento de fotografia.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Agora vai

.
.
.


Agora vai.
Pega ao colo o que herdaste
a cor do rosmaninho
o cheiro das maçãs
e vai.
Se subires ao alto do vento
entras no inverno com a mansidão dos livros.
Deixa a chuva escorrer pelos teus medos
estende os braços às sombras transeuntes
e abre o teu sorriso.
Segue a rota dos barcos de papel,
as asas das gaivotas e dos corvos,
a ponte verdadeira.
Despede-te de nada
e caminha.
Observa o rio,
as suas águas correm para o teu olhar.



#8. Edward Steichen, fragmento de fotografia.