domingo, março 09, 2008

Sei

.
.
.



Sim, guardo os séculos
que os teus dedos teceram.
Conservo as tuas flores
nas casas decepadas,

varandas atiradas contra o vento,

portas abertas à terra
à nascente dos rios
aos caminhos
que os teus passos percorreram.


Sei agora que nunca morreste,
vejo os teus olhos antigos de menina
adormeço no teu vestido frio.


#29. Laszlo Moholy-Nagy, fragmento de fotografia

segunda-feira, março 03, 2008

Mater

.
.
.


As crianças quando nascem
vão morar no alto
dos pássaros e dos ramos
das árvores grandes
que tornam infinitos os jardins.


Por vezes as crianças

descem às nossas sombras
para nos confiar leves segredos.
Se ouvires o que diz o riso delas
sentirás o vento
que dança no cimo do mar.

Se olhares a luz que te procura
pede à luz uma flor.


#28. Joachim Patenier, fragmento de pintura.