sexta-feira, setembro 12, 2008

Ela

.
.
.


Ela abria as asas
de manhã
para voar ao sol por cima dos telhados
e eu pensava que os anjos

eram aves que voavam como ela.

Nas varandas o seu riso cintilava

com o céu por cima parecia deusa

mas também chorava e parecia louca

e de noite lia grandes livros
talvez morassem sábios dentro dela.


Quando a neve lhe cobriu o peito

ela estendeu-se ao longo dos caminhos
quase rainha num trono rente à terra

e eu vi folhas de vida, digo assim,
a desprender-se dela
árvore ao vento

onde de repente anoiteceu.


#34. Manuel Zimbro, fragmento de pintura.