quarta-feira, outubro 28, 2009

Sopro

.
.
.


Às vezes não se sabe
o que é longe, o que é perto
que diferença faz
se as estradas parecem infinitas
se os muros
parecem encostados
aos espaços que se abriram
nos teus olhos.
Que diferença faz
se as árvores soltas à vastidão do vento
ainda transfiguram o rumor do ar,
esse som da infância imaginada.
De que serve saber
se o vulto que se move sobre os muros
convoca em ti o verdadeiro olhar
como se pressentisse o esquecimento.

Talvez seja apenas um vulto casual
atravessando a tua tarde pobre.


#43. Giovanni Bellini, fragmento de pintura.