domingo, março 09, 2008

Sei

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Sim, guardo os séculos
que os teus dedos teceram.
Conservo as tuas flores
nas casas decepadas,

varandas atiradas contra o vento,

portas abertas à terra
à nascente dos rios
aos caminhos
que os teus passos percorreram.


Sei agora que nunca morreste,
vejo os teus olhos antigos de menina
adormeço no teu vestido frio.


#29. Laszlo Moholy-Nagy, fragmento de fotografia

10 comentários:

Aldina Duarte disse...

Da morte se (re)nasce, dizem...?

Boa Páscoa!

A Lusitânia disse...

Obrigada Vitor L. pelo poema. Sim, eu é que agradeço, das MulheresaoLuar.

Anónimo disse...

um poema que nos séculos se fez intemporal.

Anónimo disse...

Venho aqui ler e reler poemas com alguma frequência. Sou confrontado, para além do rigor da escrita (e dos sons), com uma força de autenticidade que me fascina. Julgo ser essa uma das grandes tarefas da poesia, acordar em nós os sentidos e o prazer pelo autêntico. Acrescentar dimensões de afecto.
Vezes demais guardo só para mim emoções e pensamentos que tão simplesmente deveria transmitir a quem faz obra.
Grato, hoje apeteceu-me dizer isto.

Estranho Fulgor disse...

... uma saudade feliz!

Convite para a nova morada da poesia...

Até sempre!

Anónimo disse...

MANIFESTO CONTRA OS POETAS

PORQUE NOS ROUBAM AS PALAVRAS QUE NÃO SABEMOS USAR
PORQUE NOS TRANSPORTAM A LUGARES QUE QUEREMOS ESQUECER
PORQUE VAMPIRIZAM SENTIMENTOS QUE JULGÁVAMOS SÓ NOSSOS,
ABAIXO OS POETAS

Anónimo disse...

Peço imensas desculpas, mas também:

1- “Venho aqui ler e reler poemas com alguma frequência. Sou confrontada, para além do rigor da escrita (e dos sons), com uma força de autenticidade que me fascina.”
2 - “Julgo ser essa uma das grandes tarefas da poesia, acordar em nós os sentidos e o prazer pelo autêntico. Acrescentar dimensões de afecto.”
3 - ”Vezes demais guardo só para mim emoções e pensamentos que tão simplesmente deveria transmitir a quem faz obra.”
4 – “Grata, hoje apeteceu-me dizer isto.”
Obrigada, Roteia. Tiraste-me as palavras da boca.

Pilar

Anónimo disse...

Depois de um fim-de-semana com certa luz. Uma prenda:


(texto da primeira edición)

Cando penso que te fuches,
Negra sombra que m' asombras,
Ô pe d' os meus cabezales
Tornas facéndome mofa.
Cando maino qu' ês ida
N'o mesmo sol te m' amostras,
Y eres a estrela que brila,
Y eres o vento que zóa.
Si cantan, ês tí que cantas,
Si choran, ês tí que choras,
Y-ês o marmurio d' o rio
Y-ês a noite y ês a aurora.
En todo estás e ti ês todo,
Pra min y en min mesma moras,
Nin m'abandonarás nunca,
Sombra que sempre m' asombras.

ROSALÍA de CASTRO, Follas novas, edición facsímil da primeira, Gráficas do Castro/Moret, A Coruña, 1982.


Sempre à espera…

Pilar

Anónimo disse...

olá.. estou a ler algumas coisas deste blog.

Memória transparente disse...

Sempre "um" a chegar...