domingo, maio 25, 2008

Vidro

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Ela sorria através do vidro baço,
a chuva a bater-lhe no pensamento aberto
das estradas.
Na outra margem da memória
o homem encostou-se ao olhar dela
e a voz infinita
atravessou a chuva: mãe,

porque me olhas assim?

No deserto de água o homem
a olhar e a sorrir,
a mulher a recolher-se aos olhos dele
e a voz solitária da viagem
a crescer dentro da chuva: filha,
porque me esperas assim?


#31. Giorgione, fragmento de pintura.

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