segunda-feira, julho 14, 2008

Rasto

.
.
.



Viemos de longe
e não soubemos lavrar as terras
em que os teus olhos se deitaram.
Não colhemos um só ramo de roseira
enquanto percorremos o teu rasto,
enquanto procurámos os teus passos
no mistério das pedras. E eu pergunto
quem resgatará o sonho que o menino chora,
quem abrirá as portas à breve sombra
do gato que chama da infância,
quem passará mil noites
à escuta de tão manso respirar.


#32. Rui Chafes, fragmento de escultura.

1 comentário:

R.O. disse...

Não sabemos responder às perguntas "quem resgatará o sonho que o menino chora, quem abrirá as portas à sombra breve do gato que chama da infância, quem passará mil noites à escuta de tão leve respirar". Ou talvez a resposta esteja escondida em lugares imprevisíveis da memória. Ou talvez, em último caso, a resposta resida na grande memória universal que tudo abarca e transforma.
R.