Cão pobre
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Conhecia os gestos
que atravessam a ausência
e respirava, por assim dizer,
no fundo de um gemido. Cão pobre.
Ouvia o seu nome
e o gemido embatia nos lábios do homem
e os seus olhos eram dois enigmas,
duas luas mudas, duas noites
dentro do olhar do homem.
A voz disse:
eis a sombra da terra,
o caminho da mãe.
E o homem curvou-se sobre o cão,
homem pobre abraçando o olhar deserto.
Voz antiga:
recebe o mistério do tempo,
escuta os passos da mãe.
#15. Helena Almeida, fragmento de fotografia.
6 comentários:
às vezes passo por cá e, chegando sem nada, levo sempre alguma coisa, por isso, hoje quero deixar um olá. daqueles que querem dizer: sim, aprecio o que escreves, força: não pares.
bom poema.obrigado.Patas
A figura do cão é evidente, concreta. O poema acordou essa figura em mim. É esse o teu talento.
GS, agradeço estas palavras.
Abraços para Patas.
Paulo,
é um comentário que me dá alegria. Obrigado.
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