segunda-feira, março 12, 2007

Cão pobre

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Conhecia os gestos

que atravessam a ausência

e respirava, por assim dizer,

no fundo de um gemido. Cão pobre.
Ouvia o seu nome

e o gemido embatia
nos lábios do homem
e os seus olhos eram dois enigmas,
duas luas mudas, duas noites

dentro do olhar do homem.


A voz disse:

eis a sombra da terra,
o caminho da mãe.

E o homem curvou-se sobre o cão,

homem pobre abraçando o olhar deserto.


Voz antiga:

recebe o mistério do tempo,

escuta os passos da mãe.


#15. Helena Almeida, fragmento de fotografia.

6 comentários:

gs disse...

às vezes passo por cá e, chegando sem nada, levo sempre alguma coisa, por isso, hoje quero deixar um olá. daqueles que querem dizer: sim, aprecio o que escreves, força: não pares.

patas disse...

bom poema.obrigado.Patas

paulo disse...

A figura do cão é evidente, concreta. O poema acordou essa figura em mim. É esse o teu talento.

Victor L. disse...

GS, agradeço estas palavras.

Victor L. disse...

Abraços para Patas.

Victor L. disse...

Paulo,
é um comentário que me dá alegria. Obrigado.