quarta-feira, novembro 01, 2006

Era noite

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Era noite,
a terra parecia recolhida no silêncio
e nós éramos pássaros com medo e com sede.
Alto céu, não tínhamos asas nem água,
apenas as estradas longínquas
e as sombras assustadoras.

Nas varandas não havia lua.
Debaixo dos telhados desertos
nem sequer passos disso me lembro,
nem um berço,
apenas a memória do teu rosto
e de certas palavras, certos sons.

É tarde, não me olhes assim.
N
ão tivémos asas
não abrimos os livros caídos no chão frio
não salvámos nada
a não ser o mistério nos teus olhos
desenhando o absoluto.


#4. Lourdes Castro, fragmento de desenho.

4 comentários:

Anónimo disse...

bom dia,
tanta chuva e tanta luz,
patas

Anónimo disse...

Obrigado,Patas, pelos comentários.

Anónimo disse...

..daar gaat ze op fluwelen voetjes...

Obrigada pelo lindo poema.

Gata malhada

Anónimo disse...

Sou eu que estou grato à gata malhada por dizer...daar gaat ze op fluwelen voetjes...E digo obrigado.