segunda-feira, janeiro 15, 2007

Se os meus ombros

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Se os meus ombros criaram movimento algum
neste dia entre todos,
que vejas mais alto as forças do silêncio
e o chão que espera os teus pés
ou a estrada que pertence aos teus passos.

Serão talvez guardadas na memória dos muros
as pedrinhas que ficaram por apanhar,
uma só linha sobre tudo o que existe,
as folhas ao vento
ou o cão na longínqua madrugada.

Que encontres nas raízes
a raiz até à luz das árvores,
que levantes o rosto
ao choro das mulheres
à inocência de certas palavras

ao som das laranjas rolando na erva.


#11. Edward Weston, fragmento de fotografia.

3 comentários:

Anónimo disse...

Lindo também.

Parabéns.

armandina maia disse...

Muito muito puro e transparente. um jogo límpido que (quase) já ninguém usa, de tão gastas que estão as palavras limpas.
armandina

Anónimo disse...

Se tivesse palavras para dizer da limpidez dos sentimentos, quando à tardinha ou manhã cedo a aurora traz o sol por sua mão e o deixa no horizonte entregue a si, dir-te-ia que estava lá e o silêncio da terra me deixou a sós com os teus poemas, que me trouxe sem eu dar por isso.

Margarida.