O teu choro
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fazendo o céu descer até aos nossos ombros
como se de repente anoitecesse.
o teu choro
a tua dor parada nos olhares que ficaram
abraços cujo rasto se perdeu
a própria chuva
escorrendo das árvores que nunca partiram.
Mãos despidas se levantam para dizer adeus
corpos quietos no coração do frio
pés presos a nada
como se amanhã fosse outro dia.
Outra noite
o mesmo olhar que fica
o mesmo sentimento
mãos dentro das nuvens
e das asas molhadas dos pássaros
mãos agarradas ao vento
como se amanhã fosse outro dia.
#48. Fragmento de fotografia (Victor L.)